Por Darcio Zarpellon, executivo financeiro com mais de 30 anos de experiência.
Quando pensamos em TI, geralmente a vemos como área de suporte: infraestrutura, sistemas, ferramentas. Finanças, por sua vez, ainda é muitas vezes associada a números, relatórios e fechamento de mês. Mas a diferença entre empresas que permanecem no mesmo patamar e aquelas que realmente conseguem crescer e se reposicionar no mercado está em entender o porquê da integração entre TI e Finanças. Essa integração muda a forma de atuação do CFO, que deixa de ser guardião do passado e se torna arquiteto do futuro.
Em empresas em crescimento, TI não pode ser tratada apenas como apoio. Ela se torna alavanca para escalar, dar previsibilidade e sustentar governança. Quando um ERP integrado, um BI em tempo real e uma análise preditiva entram em cena, a área financeira deixa de ser apenas registradora de fatos. Ela ganha capacidade de antecipar cenários, apoiar decisões estratégicas e acelerar movimentos de expansão. Não se trata apenas de fechar o mês, mas de preparar a companhia para o próximo ciclo.
Pesquisas recentes confirmam essa tendência. A CFO Alliance mostrou em 2025 que 45% dos CFOs priorizam a integração e visualização de dados como meio de reduzir o tempo gasto em rotinas e ampliar o espaço dedicado ao planejamento estratégico. A Deloitte aponta que mais de 90% dos CFOs acreditam que suas empresas passarão por mais transformação digital nos próximos cinco anos do que nos últimos cinco, revelando que a digitalização deixou de ser um tema secundário e passou a ser um imperativo competitivo. Outro dado da EY mostra que investimentos em tecnologia cresceram mais de 60% nos últimos anos, e empresas que medem o retorno desses projetos projetam ganhos superiores a 7% ao ano, bem acima da média de outras iniciativas.
Não é apenas uma questão financeira. Estudos acadêmicos recentes demonstram que a transformação digital otimiza a eficiência de investimentos, reduz custos de governança e melhora a resiliência operacional. Empresas que adotam digitalização avançada conseguem não só reduzir desperdícios e riscos, mas também se posicionar melhor para atrair capital e parceiros estratégicos. Para quem busca mudar de patamar, seja via internacionalização, M&A ou abertura de capital, esse fator pode ser decisivo.
O impacto também é visível na relação com investidores. Organizações que mostram disciplina digital em seus processos financeiros transmitem transparência, velocidade de resposta e capacidade de escalar com controle. Essa combinação é especialmente valorizada em momentos de captação de recursos ou IPOs, em que confiança e clareza nos números fazem toda a diferença.
Em resumo, não se trata de adotar tecnologia por modismo ou por obrigação. O ponto central é que a TI, quando integrada de forma estratégica às Finanças, transforma a área em motor de crescimento. A grande questão que cada companhia deve se fazer é se está tratando TI apenas como suporte ou como parte essencial da estratégia financeira. A resposta pode determinar não apenas a eficiência do presente, mas a posição da empresa no futuro mercado em que quer competir.
