Novo relatório global revela mudanças silenciosas no mercado de trabalho e aponta o Brasil como protagonista de uma virada econômica na região.
Um movimento silencioso vem redesenhando o mapa da remuneração na América Latina. Enquanto a inflação ameaça o poder de compra em diversas economias, um relatório global acaba de revelar uma virada inesperada: o Brasil lidera os salários da região, com uma média anual de US$ 67 mil, superando México, Argentina e Colômbia.
Os dados são do Relatório Global sobre Compensação 2025, elaborado pela Deel, empresa mundial de gestão de folha de pagamento e recursos humanos, em parceria com a Carta, plataforma de gestão de equity. O estudo, baseado em mais de 1 milhão de contratos ativos em 150 países, mostra não apenas números — mas tendências que podem mudar o destino do trabalho na próxima década.
O avanço que poucos esperavam
Enquanto países como a Turquia e a Argentina ainda lutam para conter os efeitos da inflação, o Brasil desponta com um crescimento consistente na remuneração média e uma transformação na forma como os profissionais estão sendo contratados.
Em 2024, quase todos os brasileiros que atuavam pela Deel eram freelancers. Agora, em 2025, algo começou a mudar: as contratações em tempo integral cresceram 9%.
Por trás dessa estatística há um sinal claro — as empresas estão voltando a apostar no longo prazo, recontratando, fidelizando, e oferecendo pacotes mais robustos.
Entre 80% e 90% dos profissionais brasileiros ainda trabalham como independentes, mas o movimento em direção à estabilidade é real — e pode indicar uma nova fase de maturidade do mercado nacional.
Um novo ouro corporativo: o equity
Outro dado chama atenção. O Brasil, tradicionalmente visto como mercado emergente, começa a adotar práticas típicas do Vale do Silício.
A participação acionária (equity) nos pacotes de remuneração cresce rapidamente, transformando funcionários em sócios e profissionais em investidores do próprio sucesso.
Essa tendência, que já se consolidou em mercados como Índia e Estados Unidos, chega com força ao cenário corporativo brasileiro, seduzindo talentos que buscam mais do que um bom salário — querem fazer parte da história da empresa.
Profissões do futuro e salários que desafiam a média
Mas o que realmente está por trás dessa revolução silenciosa?
O relatório revela uma pista: as funções ligadas à inteligência artificial, cibersegurança e marketing digital estão entre as mais valorizadas, com salários até 25% acima da média global.
A corrida por especialistas é acirrada, e as empresas, diante da escassez, precisam pagar mais — e agir rápido.
Além disso, as organizações estão criando cargos de IA altamente específicos, expandindo a tecnologia para áreas antes inimagináveis: finanças, RH e produtos. O futuro do trabalho, antes restrito aos laboratórios de inovação, agora invade o coração das empresas.
O futuro já começou — e o Brasil está no radar
Para os especialistas da Deel, essa transformação não é passageira.
Com base nas análises, o relatório reforça que a compensação deixou de ser apenas um número na folha de pagamento — é hoje um instrumento estratégico de poder e atração global de talentos.
Líderes de RH, executivos e fundadores de startups estão diante de uma nova equação: quem paga melhor, retém os melhores — mas quem entende o que o talento realmente quer, vence o jogo.
“Há algo acontecendo sob a superfície do mercado global de trabalho”, destaca o relatório. “E o Brasil, com sua base de profissionais qualificados e crescente valorização salarial, tornou-se um território a ser observado de perto.”
A radiografia da Deel é clara: a guerra por talentos já começou, e o campo de batalha não está mais em Wall Street — está em São Paulo, na Cidade do México, em Buenos Aires e Bogotá.
E, por ora, o Brasil parece estar um passo à frente.
