Pesquisa da LG lugar de gente mostra que a inteligência artificial avança no RH, mas falta de conhecimento técnico ainda limita seu uso estratégico nas empresas.
A inteligência artificial (IA) já é uma das pautas estratégicas mais relevantes nas empresas brasileiras, mas sua aplicação efetiva na área de Gestão de Pessoas ainda está em estágio inicial. É o que aponta uma pesquisa inédita conduzida pela LG lugar de gente, maior HR Tech do país, em parceria com a consultoria Futuros Possíveis.
O levantamento, realizado com profissionais de Recursos Humanos, revela que 93% das empresas já utilizam ou avaliam a implementação da tecnologia. No entanto, apenas 40% delas aplicam a IA de forma prática e recorrente em seus processos internos.
Um setor em transição
Para Marcello Porto, Diretor de Produtos, Inovação e IA da LG lugar de gente, os dados refletem um momento de transição e amadurecimento do setor.
“A atenção à IA já está na agenda do RH. Mas atenção não é sinônimo de maturidade. O desafio agora não é mais ‘se’ o RH vai adotar, mas ‘como’ garantir que essa adoção seja consistente, estratégica e responsável, sem perder de vista a experiência humana no trabalho”, destaca.
Eficiência é prioridade; estratégia ainda é desafio
Segundo a pesquisa, o principal objetivo das empresas ao adotar IA é ganhar eficiência e otimizar processos. Entre as organizações que já utilizam a tecnologia, 72% relatam esse benefício como o principal resultado.
O mesmo ocorre com as que ainda não implementaram a IA: 64% afirmam que a busca por eficiência será o foco quando iniciarem a adoção.
Por outro lado, o uso da IA em atividades de maior valor estratégico ainda é limitado. Apenas 7% das empresas empregam a tecnologia para apoiar a tomada de decisões estratégicas ou reduzir custos operacionais — evidenciando que o potencial da IA ainda está longe de ser plenamente explorado.
As aplicações mais frequentes se concentram em recrutamento e seleção (61%), especialmente na triagem automatizada de currículos. Outras frentes incluem comunicação interna (35%), people analytics (35%), avaliação de desempenho (30%) e treinamento corporativo (29%).
“O potencial da IA vai muito além da triagem de currículos. Estamos falando de uma tecnologia capaz de apoiar o RH de ponta a ponta — da previsão de rotatividade ao fortalecimento da cultura organizacional”, ressalta Porto.
“Empresas que usarem a IA como ferramenta estratégica para cuidar das pessoas, e não apenas para automatizar tarefas, sairão na frente.”
Falta de conhecimento é a principal barreira
Entre as empresas que já adotaram a IA, 40% apontam a falta de conhecimento técnico e capacitação como o maior obstáculo.
Outros desafios incluem a integração com sistemas existentes (34%) e preocupações com privacidade de dados e conformidade com a LGPD (21%).
Nas companhias que ainda não implementaram a tecnologia, o desconhecimento é ainda mais expressivo: 62% afirmam não ter informações suficientes sobre as aplicações da IA no RH. A falta de orçamento (30%) também aparece como um fator limitante.
Ética e governança no centro do debate
Apesar das dificuldades, o estudo mostra que cresce a preocupação das empresas com governança e ética no uso da IA.
Mais da metade das organizações que já utilizam a tecnologia (55%) afirmam possuir diretrizes éticas formalizadas, enquanto boa parte das demais relata estar em processo de construção dessas políticas.
A preocupação com vieses algorítmicos também se tornou pauta relevante, reforçando a necessidade de cautela para que os sistemas não reproduzam preconceitos relacionados a etnia, gênero, idade ou aspectos culturais.
O futuro da IA no RH
De acordo com a pesquisa, o futuro da inteligência artificial na gestão de pessoas exigirá o desenvolvimento de novas habilidades entre profissionais de RH, com foco em governança adaptativa, ética digital e transparência.
A formação continuada será essencial para que os times compreendam o funcionamento das ferramentas e possam usá-las de maneira crítica, estratégica e humanizada.
“A transparência na aplicação da IA será um diferencial competitivo”, conclui o relatório. “Empresas que combinarem tecnologia, propósito e sensibilidade humana terão vantagem na atração e retenção de talentos.”
