Com apenas 1% de sucesso na adoção da IA, CFOs enfrentam o dilema: adaptar-se à transformação digital ou ficar para trás na revolução tecnológica.
Apesar do entusiasmo em torno da transformação digital no setor financeiro, a adoção da Inteligência Artificial (IA) ainda caminha a passos tímidos entre os executivos. Um levantamento global da Russell Reynolds Associates, referência em consultoria de liderança, revela que apenas 1% dos CFOs conseguiram implementar a IA de forma bem-sucedida em suas organizações.
A pesquisa mostra que os diretores financeiros reconhecem o poder da tecnologia para otimizar processos, reduzir riscos e aprimorar a precisão das previsões financeiras. Mas na prática, barreiras como falta de confiança, desconhecimento técnico, problemas de governança de dados e desafios culturais ainda travam a adoção efetiva.
“A IA tem um potencial enorme para transformar a função financeira, mas seu sucesso depende da colaboração direta entre as lideranças financeiras e as equipes de tecnologia”, destaca Fernando Machado, sócio-diretor e líder da prática financeira da Russell Reynolds no Brasil. “É fundamental começar por iniciativas simples e escaláveis, garantindo ao mesmo tempo uma governança sólida e o desenvolvimento das capacidades internas necessárias para acompanhar essa evolução.”
Mesmo diante da promessa de eficiência e inovação, a confiança dos CFOs brasileiros e globais em relação à IA ainda é baixa: apenas 28% afirmam estar confiantes em sua capacidade de adotar a tecnologia de maneira eficaz. E um dado que chama atenção: somente 14% acreditam receber o nível adequado de orientação para explorar a IA de forma ética e segura.
Entre as principais dificuldades apontadas estão:
Falta de conhecimento técnico específico;
Fragilidade na governança dos dados;
Resistência cultural e organizacional à mudança.
Ainda assim, o potencial transformador da IA não passa despercebido. Quando bem aplicada, a tecnologia pode automatizar tarefas repetitivas, reduzir fraudes, otimizar a análise de dados e aprimorar as decisões estratégicas — ganhos que podem reposicionar o setor financeiro para um novo patamar de eficiência e inovação.
Para mudar esse cenário, a Russell Reynolds aponta caminhos claros: investir na formação de talentos internos, estabelecer alianças firmes entre CFOs e lideranças de tecnologia, e adotar uma abordagem gradual, buscando primeiro pequenas vitórias para então escalar a transformação.
O estudo ainda sugere que a próxima geração de CFOs deverá se diferenciar: além de acelerar a adoção da IA, esses líderes tendem a priorizar a governança ética dos dados, a transparência dos processos automatizados e a mitigação de riscos como vieses algorítmicos. Será, portanto, uma liderança mais consciente e preparada para alinhar inovação tecnológica com responsabilidade corporativa.
Em um mercado brasileiro cada vez mais pressionado por eficiência e inovação, a capacidade de incorporar a inteligência artificial ao DNA financeiro pode se tornar o grande diferencial competitivo das organizações. Para isso, construir uma cultura de confiança tecnológica será tão importante quanto dominar as novas ferramentas.
