Com novos valores, inseguranças e uma forte busca por propósito, a Geração Z desafia empresas a repensarem processos de seleção, desenvolvimento e cultura organizacional.
Enquanto as gerações anteriores priorizavam estabilidade e bons salários, a Geração Z vem redesenhando o mapa do mercado de trabalho. Jovens entre 18 e 24 anos estão se inserindo com mais energia — e com novos valores — no universo corporativo, mas também enfrentam obstáculos que merecem a atenção de recrutadores e líderes de RH.
Um levantamento recente da Catho, plataforma gratuita de empregos, ouviu jovens profissionais e 343 recrutadores atuantes em setores como tecnologia, varejo, indústria, comércio e serviços. O objetivo? Entender como essa nova geração se comporta, quais são suas angústias e aspirações e, claro, como as empresas estão — ou não — preparadas para recebê-los.
TI e Enfermagem lideram as aspirações
As áreas mais desejadas pelos jovens são Tecnologia da Informação (12%) e Enfermagem (8%), demonstrando um interesse tanto pelo mundo digital quanto por profissões com impacto social. A Geração Z também é mais ativa na busca por oportunidades: 22% mais engajada do que as demais faixas etárias na hora de procurar vagas.
Currículo, autoconfiança e entrevistas: os grandes desafios
Ainda que busquem com frequência, 47% dos jovens têm dificuldade em preencher o próprio currículo, número que sobe para 62% entre os mais novos, até 24 anos. A insegurança domina: 79% relatam não se sentirem confiantes sobre suas habilidades, principalmente no momento de escolher uma vaga (37%) ou encarar uma entrevista (30%).
Para os recrutadores, a percepção não é muito diferente: 44,3% avaliam que os jovens chegam despreparados para os processos seletivos, e 42,8% apontam o baixo comprometimento com prazos e entregas como o maior desafio para a contratação dessa geração.
Propósito, diversidade e saúde mental como prioridades
Mas se falta experiência, sobra intenção de mudança. A Geração Z valoriza temas como inclusão, empatia e diversidade até 12% mais do que outras gerações — e isso pesa na hora de escolher uma empresa para trabalhar. O salário, por outro lado, aparece como 18% menos relevante na motivação desses jovens, em comparação com gerações anteriores.
Outro diferencial marcante está no cuidado com o bem-estar: a preocupação com a saúde mental é real e presente. A terapia aparece como solução citada por 12% dos jovens, reforçando a busca por equilíbrio e ambientes corporativos saudáveis.
Empresas ainda não estão preparadas
Apesar do potencial de transformação que essa geração carrega, muitas empresas ainda não estão prontas para acolhê-la como deveriam. Segundo a pesquisa, 52% das pequenas empresas (com até 100 funcionários) não possuem programas de desenvolvimento específicos para jovens. Falta treinamento técnico, desenvolvimento de habilidades comportamentais, avaliações de desempenho e, principalmente, feedbacks contínuos.
Oportunidade para o RH agir agora
O retrato da Geração Z é claro: essa é uma geração com sede de propósito, que busca reconhecimento, escuta ativa e desenvolvimento real. Querem construir uma carreira que faça sentido, sem abrir mão da saúde mental e dos valores humanos. E o RH precisa estar preparado.
Mais do que adaptar processos, é hora de reformular estratégias para acolher esses jovens talentos com respeito, escuta ativa e estruturas de desenvolvimento que façam a diferença. Porque o futuro do trabalho já chegou — e está vestindo jeans, com celular na mão e muitas perguntas na cabeça.
