No campo da Educação, as inovações tecnológicas têm sido constantes aliadas no cotidiano.
Por Paulinho Franqueira, Principal Solutions Consultant da Adobe no Brasil
Um surgimento fez com que toda uma rede se debruçasse sobre uma discussão: profissionais de comunicação ficaram ora preocupados, ora encantados; o público se mostrou parte curioso e outra parte incrédulo; e uma cadeia de dinâmicas precisou ser repensada. Estou falando aqui sobre a democratização da TV depois da II Guerra Mundial, mas certamente muitos pensaram que o debate era sobre inteligência artificial (IA).
Não é coincidência. E também não foi por acaso o exemplo. Desde a Revolução Industrial, a humanidade é confrontada com adventos tecnológicos que transformam o modo como nos relacionamos e, consequentemente, afetam as relações de trabalho. Foi assim com a energia elétrica, depois do primeiro avião ter decolado, com a democratização do carro popular, com a internet discada dos anos 1990 e, mais recentemente, com as inúmeras soluções da primeira geração de IA generativa. Certamente, quando John MacCarthy cunhou o termo ao se referir à “ciência e engenharia de produzir sistemas inteligentes”, ele não deveria imaginar a dimensão da revolução que aguardava a civilização décadas depois.
Na área de Educação, as transformações tecnológicas sempre foram aliadas na jornada diária. O que vimos durante a pandemia da Covid-19 – isto é, uma inigualável aceleração digital devido ao cenário emergencial – só foi possível graças ao empenho incansável de profissionais inovadores, sempre em busca de soluções mais convenientes para professores, gestores e, claro, a turma em sala de aula – seja essa presencial ou virtual.
A inteligência artificial generativa tende a ser uma leal companheira da Educação, sendo benéfica em três eixos: no desenvolvimento das habilidades profissionais, tanto para o educador quanto para o educando; na aprimoração da comunicação visual, podendo inclusive incentivar novos talentos do design; e por fim, nas ideações, isto é, tais ferramentas possibilitam a testagem da imaginação dentro de limites éticos e validar, ou invalidar, ideias antes de produzir efetivamente algo.
A partir de estudos aos quais tive acesso recentemente, percebo que há inúmeros ganhos com o emprego ético e apropriado dessa tecnologia na área pedagógica. Não por acaso, o Ministério da Educação – MEC irá compor o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), contemplando investimentos na ordem de R$ 817 milhões somente em projetos educacionais. O PBIA vai contar com 17 ações únicas e exclusivas da pasta.
Retornando o eixo para a docência, pensemos que um educador pode poupar muito tempo com funções mais básicas e operacionais ao empregar ferramentas de IA. Não apenas isso: nem todos esses profissionais, cuja formação enfatiza a pedagogia da sala de aula, têm experiência com design gráfico e demais atribuições visuais. E veja bem, não há nenhum juízo de valor nessa afirmação. Pretendo sublinhar que a inteligência artificial pode apoiá-los, até mesmo visual e esteticamente, com a geração de imagens e slides pensados a partir do plano de aulas e do currículo escolar.
Esse tempo economizado pode ser aproveitado para fins pedagógicos, como em pesquisa de conteúdo extra, artigos e reportagens que possam eventualmente somar em debates, além de tempo de qualidade em classe, acompanhando os estudantes mais de perto em seu desenvolvimento. Ou seja, todo mundo tende a ganhar e o conhecimento – patrimônio imaterial pelo qual os educadores têm grande apreço – se torna mais acessível e dinâmico.