Transformação digital: solução para a crise fiscal e déficit de servidores nos municípios.
A digitalização dos serviços públicos é 97% mais barata que o atendimento tradicional, tornando-se uma solução eficaz para oferecer serviços de qualidade aos cidadãos e aliviar a carga de trabalho dos servidores.
20% dos municípios brasileiros têm apenas 3 servidores para cada 100 pessoas. Quanto maior a população, menor a disponibilidade de mão de obra.
Segundo um levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 12,45% dos trabalhadores ativos no Brasil estão empregados no setor público, sendo que seis em cada dez servidores são municipais. Apesar disso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta uma defasagem significativa no quadro de servidores nas prefeituras, o primeiro ponto de contato entre o serviço público e o cidadão. Aproximadamente 20% dos municípios têm apenas 3,1 servidores para cada 100 pessoas, com uma disponibilidade de mão de obra ainda menor em cidades mais populosas.
Desafios fiscais e soluções tecnológicas
O déficit de recursos humanos afeta diretamente a qualidade do serviço público, e as prefeituras precisam resolver essa questão dentro dos limites legais. Com a redução das receitas e o aumento das despesas públicas, o déficit fiscal dos municípios atingiu R$ 16,2 bilhões no ano passado. Entre 2022 e 2023, os gastos com pessoal cresceram 13,2%, um aumento de R$ 47,6 bilhões. Esse cenário levou quase metade dos municípios brasileiros a se enquadrarem nos limites de alerta, prudencial e máximo definidos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Automação para eficiência e economia
A tecnologia surge como aliada essencial para resolver problemas das rotinas públicas, automatizando processos, eliminando etapas desnecessárias, agilizando o tempo de resposta aos cidadãos e aliviando a carga de trabalho dos servidores. Marco Antonio Zanatta, fundador e CEO da Aprova — plataforma de gestão e automação de processos do setor público —, afirma que a tecnologia é fundamental para enfrentar a escassez de servidores sem infringir limites éticos e fiscais. “Ao automatizar tarefas repetitivas e de baixo valor, os servidores podem se dedicar a atividades que exigem julgamento crítico ou interação humana, maximizando seu potencial”, destaca.
Casos de sucesso: Varginha e Patos de Minas
No município de Varginha, Minas Gerais, a aprovação de projetos de construção que antes levava quatro meses, agora é resolvida em menos de um mês com a automação dos processos, necessitando apenas de um servidor em vez de 11. Em Patos de Minas, a avaliação e aplicação de imunobiológicos especiais, que levava cerca de 30 dias, agora é concluída em 20 minutos, beneficiando mais de 740 mil moradores.
A automação dos serviços na prefeitura de Patos de Minas gerou uma economia de 2 milhões de folhas de papel e 23 milhões de litros de água, além de economizar mais de R$ 3 milhões nos últimos três anos, segundo o prefeito Luís Eduardo Falcão. O atendimento digital custa cerca de R$ 1,20 por solicitação, enquanto o atendimento físico custa aproximadamente R$ 44.
Impacto da Tecnologia na Gestão Pública
“A tecnologia permitiu reduzir o gasto com pessoal e manter o limite fiscal, direcionando recursos para áreas prioritárias como saúde, educação e infraestrutura”, afirma Falcão. A automação não apenas elimina filas de espera e aumenta a produtividade dos servidores, mas também tem o potencial de impulsionar a geração de empregos e aumentar a arrecadação.
Para Marco Zanatta, o déficit nos municípios é um alerta para que gestores públicos busquem maior competitividade e produtividade. “Ao tirar o trabalho operacional do escopo do servidor e focar em tarefas relevantes para desenvolver cidades de forma inteligente e sustentável, reduzimos a entropia do processo, liberando recursos humanos para desatar outros nós importantes para o governo e o cidadão”, conclui.
Investir em tecnologia é essencial para que os municípios enfrentem a crise fiscal e o déficit de servidores, garantindo serviços públicos de qualidade e eficientes para os cidadãos.
