A taxa média de rotatividade demissional nas empresas de tecnologia do país foi de 51%.
Bianca Rufatto, gerente de RH da NetSecurity
Contratar e reter talentos na área da tecnologia não é uma tarefa fácil, principalmente em tempos de escassez de profissionais e aumento na demanda e posições.
De acordo com um estudo realizado pelo Google, o Brasil terá um déficit de 530 mil profissionais na área de tecnologia da informação (TI) até 2025.
O relatório, produzido em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), aponta que, apesar da formação de cerca de 270 mil profissionais entre 2021 e 2025, a demanda por novos talentos nesse período será de 800 mil, segundo a Associação das Empresas de Tecnologia, a Brasscom.
Embora essa seja uma previsão para o mercado, a dificuldade para contratar profissionais dessa área já é uma realidade que os profissionais de RH das empresas de tecnologia enfrentam.
Isso acontece devido à concorrência e baixa quantidade de profissionais qualificados no mercado, que faz com que os mais experientes já estejam empregados, levando à supervalorização desses especialistas. Como resultado, eles acabam exigindo salários e benefícios muito altos.
Na fase de contratações, principalmente em empresas menores ou especializadas, como as de cibersegurança, as vagas demandam uma experiência e qualificação técnica maior para que a atividade seja exercida com excelência.
Em contrapartida, com a escassez de profissionais especializados no mercado, esse setor sofre com a alta na demanda de empresas e vagas no ramo. O que acaba dificultando mais ainda o trabalho do RH.
De acordo com um estudo do International Information System Security Certification Consortium (ISC2), realizado em 2023, a área de cibersegurança no Brasil carece de aproximadamente 232 mil profissionais.
Como consequência da concorrência, o turnover nas empresas de TI só aumenta com o passar do tempo – evidenciando a capacidade de reter talentos como mais um dos grandes desafios do RH da área.
Segundo uma pesquisa divulgada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o Brasil já lidera o ranking de turnover nas empresas.
De acordo com informações do CAGED, em 2023, a taxa média de rotatividade demissional no país das empresas de tecnologia foi de 51%. E essa porcentagem é considerada a mais alta do mundo.
Desafiando a ordem natural do mercado, a dificuldade de reter talentos se deve à competição entre as empresas. É sobre quem consegue ofertar mais para conseguir captar e manter o profissional. E como resultado, o trabalho incansável de oferecer mais e mais.
Dessa forma, nesse cenário, se destaca quem está sempre em busca de políticas, programas e melhorias a fim de proporcionar um ambiente de trabalho cada vez melhor. Uma das dicas é cultivar uma alta gestão mais aberta e disposta a escutar os colaboradores. O tratamento humanizado é sempre o caminho.
Além disso, é importante oferecer políticas de subsídio que incentivam capacitações. Plataformas com cursos de curto, médio e longa duração, desde especializações, MBAs, pós-graduação ou até cursos de inglês e técnicos para entender melhor a empresa, podem garantir um plano de carreira mais estruturado.
A flexibilidade também pode ser um grande diferencial no mercado. Hoje, há profissionais que preferem trabalhar apenas de casa e outros que optam por alguns dias no escritório. Manter o ambiente aberto e adaptado para as necessidades de cada colaborador é outra boa prática de retenção.
Na hora de escolher uma vaga ou decidir uma troca de posição, cada detalhe importa. E a cultura, os valores e as experiências cultivadas na empresa têm grande impacto na decisão final. Sendo assim, o segredo é acompanhar as necessidades dos funcionários e sempre promover a melhor jornada possível.
