David Braga – CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent
Num mundo cada vez mais em transformação, em que 50% da força de trabalho precisará passar por um processo de requalificação nos próximos cinco anos, segundo a pesquisa Future of Jobs (O Futuro dos Empregos) realizada pelo Fórum Econômico Mundial, precisamos falar sobre a importância das empresas e, claro, dos profissionais, em buscarem novas ferramentas e oportunidades de aprendizado e treinamentos.
Há dois termos que vem sendo usados no mundo corporativo: o upskilling, que é quando ensinamos por meio de cursos e treinamentos novas competências para otimizar o desempenho na área em que o profissional já atua; e o reskilling, ou requalificação, quando a pessoa é treinada para assumir uma nova função dentro da empresa.
No universo do upskilling, uma tendência que circulou pelo Brasil nos últimos anos foi a criação por parte de grandes empresas de ‘universidades’ próprias, também conhecidas como Universidades Corporativas, com conteúdo amplo, mas também focado em sua atividade fim. Somado a isso, algumas buscando também agregar ao seu escopo parcerias com plataformas de e-learning para que seus times de profissionais tenham a possibilidade de aprendizado contínuo e amplo.
É interessante, pois geralmente são cursos e treinamentos variados, em áreas correlatas aos cargos ocupados, mas em muitos casos temas complementares ou até mesmo diferentes do dia a dia de atuação da pessoa. Ela busca nessas oportunidades uma forma de abrir seu olhar para novas questões do mundo e novos aprendizados. O profissional que opta por esse tipo de conhecimento me chama a atenção, pois mostra uma postura de protagonismo para dar direcionamento a novas possibilidades, seja no âmbito pessoal, seja na carreira.
Nessa construção do conhecimento, é preciso ter clareza do que ainda é necessário ser aprimorado em relação a conhecimentos técnicos e comportamentos (as soft skills), para ganhar destaque e relevância no mundo do trabalho (e na vida, claro). Isso pode levar o profissional a ser mais diferenciado entre os demais.
No caso do reskilling, quando o(a) profissional é treinado(a) para ocupar novas funções dentro da corporação, muitas vezes é opção da empresa buscar orientação por meio de processos de coaching e orientação de carreira para auxiliá-lo(a) na transição. Principalmente quando falamos de cargos de média e alta gestão.
Dados do Fórum Mundial de Davos com a consultoria PwC revelaram que o investimento na requalificação da mão de obra pode trazer um ganho no PIB global de US$ 6,5 trilhões. Uma cifra um tanto quanto impactante; não é mesmo?
Geralmente, os profissionais que passam por reskilling já carregam consigo uma bagagem pessoal e profissional relevante, com algumas décadas de trajetória profissional. E, claro, como todos nós, são capazes de se enveredar por outros caminhos, tendo realizações e sendo bem-sucedidos no que fizerem de novo. Basta uma oportunidade e a vontade de mudar de área ou cargo.
Segundo o estudo da McKinsey & Co., nove em cada dez gerentes já sofrem com a escassez de habilidades em algumas profissões. E 87% das empresas não têm determinado talento que precisarão no futuro. Nesse contexto, o RH tem um papel crucial no planejamento desses treinamentos e requalificações de profissionais. O trabalho deve ser feito de forma alinhada aos objetivos da empresa, apontados pela média e alta gestão, para que a empresa não sofra com a escassez de talentos num futuro próximo. Por isso, é tão importante que sejam criadas condições para que os profissionais continuem acompanhando as transformações do mercado, que são cada vez mais avassaladoras.
Por outro lado, não depende somente da empresa ofertar oportunidades, mas também do profissional refletir sobre sua caminhada, suas conquistas e desafios futuros. Você já parou para pensar onde quer estar daqui a cinco anos, por exemplo? É na mesma empresa; numa posição melhor? Ou em uma área 360º diferente do que você faz hoje?
O que você pode começar a fazer agora que o deixará pronto ao longo desse tempo? Para elaborar esse planejamento profissional adequado e consistente, um processo qualificado de coaching pode lhe dar suporte. Por meio dele, você irá estipular metas e estruturar ações que te conduzam para o alcance dos seus targets. E já que além da qualificação e do planejamento é preciso inserir o equilíbrio, a felicidade no trabalho, o propósito e o legado, é importante pensar sobre essas perspectivas em curto, médio e longo prazos; não é verdade?
Sermos desafiados a pensar nossa projeção e nosso crescimento profissional é um exercício fundamental na atualidade. Então, minha recomendação é que você crie, pelo menos, um planejamento mínimo para os próximos passos da sua carreira. Que seja uma meta para você desenhar até dezembro e para colocar em prática em 2025, por que não? Faltam quatro meses para acabar o ano. É um bom convite, o que te parece?