Ataques de ransomware, que cifram dados e demandam um resgate para sua liberação, são uma das maiores ameaças contemporâneas.
Felipe Rossi, CEO da 4B Digital
Quem vive de perto o mundo empresarial já ouviu em algum momento que vivemos atualmente em uma era em que os dados se tornaram o novo petróleo. Não há como negar, a informação hoje é a base de toda operação corporativa moderna, desde a tomada de decisões até as atividades cotidianas. Não à toa, segundo uma pesquisa divulgada pelo New Vantage Partners, 97% das organizações globais estão investindo no uso de dados de forma estratégica. Do total, 91,7% relataram que seus aportes em tecnologia de dados estão aumentando gradualmente ao longo dos últimos anos.
No entanto, com grandes poderes, surgem também grandes responsabilidades. Com todo o interesse atrelado às informações, tão importante quanto saber organizá-las é saber também protegê-las. Resguardar os dados, que muitas vezes são sigilosos e fundamentais para o funcionamento da empresa, tornou-se uma prioridade absoluta. Até porque, perdas ou comprometimentos das bases analíticas podem resultar em danos financeiros graves, bem como a perda de confiança do cliente e, em casos extremos, até mesmo a falência do negócio.
Segurança em primeiro lugar
Diante do atual cenário, já não há dúvidas entre os gestores e executivos de que é fundamental criar barreiras que assegurem a proteção dos dados corporativos. Por outro lado, o rumo a ser tomado ainda gera dúvidas por parte dos tomadores de decisão. O primeiro ponto é deixar claro que a proteção começa justamente com medidas básicas de segurança. Implementar um software antivírus robusto e atualizado, por exemplo, é uma ação simples, porém crucial para barrar malwares e vírus que podem comprometer a integridade das informações.
Ataques de ransomware, que criptografam dados e exigem resgate para liberá-los, representam uma das principais ameaças atuais. Isso não quer dizer que o combate exige soluções mirabolantes. A educação dos funcionários sobre phishing, a atualização constante de sistemas e a utilização de soluções de segurança que detectem e bloqueiem o perigo em tempo real muitas vezes já asseguram os dados.
Já os ataques DDoS, que visam sobrecarregar os servidores da empresa e torná-los indisponíveis, também podem ser combatidos com projetos não tão caros ou complexos, como a implementação de soluções WAF (Web Application Firewall) ou CDN (Content Delivery Network). O primeiro protege contra SQL injection e cross-site scripting, enquanto a CDN distribui o tráfego, filtrando solicitações maliciosas.
Planos de ação
Mesmo com todas as camadas protetivas, é praticamente impossível ter uma garantia de seguridade absoluta. O que não pode acontecer é não existir planos de contenção contra os momentos de falha. Um projeto de disaster recovery, por exemplo, é essencial para garantir a continuidade do negócio em caso de qualquer incidente. O planejamento deve incluir procedimentos detalhados para restaurar sistemas e dados críticos, minimizando o tempo de inatividade e perdas associadas.
Outra ação importante é a realização de backups regulares. Porém, pouco adianta se eles não forem experimentados. Testes de rollback periódicos certificam que os dados podem ser restaurados de forma eficiente, assegurando a recuperação das bases quando necessário.
A utilização de múltiplos provedores de nuvem (Multi Cloud) também é capaz de aumentar a resiliência e reduzir o risco de downtime, permitindo a distribuição de cargas de trabalho entre diferentes fornecedores. A Cloud Híbrida, que combina infraestruturas de nuvem pública e privada, oferece ainda flexibilidade e segurança. Nesse caso, as empresas conseguem manter dados sensíveis em ambientes privados e resguardados, enquanto utilizam a nuvem pública para outras operações.
O fato é que atualmente a dependência de dados é inegável e insubstituível no mundo corporativo. Sem informações precisas e seguras, a tomada de decisões se torna uma roleta russa e a eficiência operacional tende a desmoronar. Portanto, investir em sua proteção e gestão deixou de ser uma escolha inteligente para se consolidar como uma necessidade imperativa. Sem dados, não há negócio. Em um mundo movido pela informação, mantê-las seguras e bem gerenciadas é garantir a longevidade e o crescimento sustentável. Afinal, quem tem dados, tem poder.